Investir no diálogo é o melhor remédio para evitar que conflitos entre moradores de condomínio se torne algo mais grave. Uma das possibilidades é adotar comissões de mediações.
Nos últimos dois anos tenho percebido uma tendência de isolamento dos condôminos em condomínios, principalmente em empreendimentos novos. Fazendo uma análise superficial, agreguei a isso as mutações políticas e econômicas do nosso país. Percebe-se que as pessoas estão mais conflitantes e sem muita tolerância pelo estresse absorvido no dia a dia, o qual envolve questões financeiras, infraestruturas públicas, como o trânsito, a segurança e o descontentamento geral.
Neste viés, verifiquei aumento de mais de 20% nas reclamações sobre os vizinhos, situações que chamamos de “picuinhas pessoais”, sobre barulhos, correspondências, visitantes, uso de elevadores, estacionamento, crianças, dentre outras tantas reclamações.
Pense na possibilidade de criar comissões de mediações
Como ainda não temos disponível uma ferramenta de tratamento terapêutico nos condomínios, recorri a algo caseiro para solucionar estas questões. Parafraseando a legislação (Lei de Mediação 13.140 de 26/06/2015), adotei informalmente comissões de mediações, identifiquei pessoas com controle emocional na fase madura pela experiência vivida e com vontade de ajudar, dando a elas ocorrências e fatos para balizarem e opinarem, e o mais importante: ouvir as partes envolvidas, mostrando aos vizinhos que às vezes são questões irrelevantes que imperam na relação, precisando fluir com o bom senso. Apliquei esta modalidade em dois condomínios acima de 300 unidades e tem sido uma solução de sucesso, pois estabiliza a situação de convivência entre os moradores. Observamos que o evento como reunião de mediação com a comissão vem diminuindo as reclamações, insatisfações e conflitos internos.
Transforme resistência em resiliência
O conflito entre moradores nos condomínios é angustiante, ainda mais quando não há uma intermediação para iniciar um diálogo e direcionar um caminho no qual as palavras dessas comissões servem como um alento, tornando-se um método eficaz, preservando a relação entre as partes e diminuindo as incertezas sobre uma solução. Uma administração coletiva começa no envolvimento das próprias pessoas nos processos, transformando resistências em resiliências em benefício de um ambiente profícuo.
Curitiba, 9 de abril de 2018
Paulo Rosa, síndico profissional há mais de 13 anos, especialista em gestão de condomínios, graduado em administração de empresas, direito civil e MBA controller, proprietário da empresa NEO Síndicos Profissionais & Associados.
paulo@neosindicos.com.br
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