Publicado em 3 de junho de 2024

Homenageado com título de cidadão de Curitiba, Luiz Fernando de Queiroz faz do andar a pé sua arte

Solenidade será realizada na Câmara de Vereadores nesta terça-feira, às 19h30. Nascido em Santa Catarina, advogado e jornalista vive em Curitiba desde os anos 60

O advogado e jornalista Luiz Fernando de Queiroz recebe, nesta terça-feira (4), em solenidade marcada para às 19h30, o título de Cidadão Honorário de Curitiba entregue pela Câmara de Vereadores da capital.

Nascido em Joaçaba, no interior de Santa Catarina, em 13 de agosto de 1948, Queiroz ou Dr. Queiroz, como ele é chamado em ambiente profissional até mesmo por seus filhos, foi precocemente adotado por Curitiba.

Houve antes um lapso de infância em que viveu na pequena cidade do interior catarinense, sob os cuidados de seu pai, o advogado Alexandre Muniz de Queiroz, e da mãe, Dulce Fernandes de Queiroz. Professora de francês, ela dava aulas também de puericultura, uma subdivisão da pediatria que consiste no acompanhamento integral do processo de desenvolvimento infantil. O que era teoria na puericultura foi práxis na criação dos sete filhos do casal.

Em 1965, equidistante da adolescência e da fase adulta, Luiz Fernando já era um habitante de pensões e repúblicas na Curitiba de 360 mil habitantes. O perfil de cidade grande, entretanto, não correspondia com o êxodo migratório. Em duas décadas, a capital assistira o índice de moradores cair de 11% para 8% da população do estado. Mesmo assim, era ali que o quinto filho dos Queiroz se submeteria ao “aprendizado da vida”, conforme as ordens expressas do pai. Ali também plantaria suas raízes.

Diga-se que a estatística populacional pouco interessava ao novo inquilino da capital. Curitiba cresceria mais do que poderia imaginar a nossa vã filosofia. Porém, antes mesmo da confirmação de seu vigor econômico e de sua vocação ecológica, Queiroz já estava disposto a desbravá-la e desvendá-la. E o fez do único modo que sabia: andando por suas calçadas, perdendo-se e depois encontrando-se nas ruas, nos cafés, nas galerias e fachadas ativas dos prédios, nos personagens urbanos.

EXERCÍCIO PEDESTRE

Fosse a cidade, na medida do tempo, uma orquestra tocando metais e máquinas e Queiroz estaria presente para observá-la ao caminhar por suas vias. Em essência ele fez do exercício do pedestre, que pode ser interpretado em duplo sentido, seu modal urbano, a sua terra compacta, o seu caminho marcado.

Hoje empresário bem-sucedido no ramo imobiliário, Queiroz dedica os sábados ao turismo urbano – uma prática que recomenda. Sem traçar um roteiro prévio, mas sempre atento ao relógio que tiquetaqueia em seu bolso, porque o tempo é precioso e irrefreável, Queiroz palmilha ruas e avenidas, algumas nunca dantes navegadas, esquadrinhando velhos e novos estabelecimentos, tratando a memória, conversando com conhecidos e desconhecidos, medindo defeitos, explorando qualidades.

Em 2019, despediu-se de um café que funcionara durante 40 anos em um endereço que era princípio ou fim da Galeria Lustoza, que tinha ao Norte ou ao Sul o calçadão da XV, ao Norte ou ao Sul a Marechal Deodoro. Não sem uma lágrima. Era lá que ele se servia do café coado com leite morno e do pão de queijo diário e obrigatório.

CASA E TRABALHO

Há quem insista em definir o Dr. Queiroz como um personagem da cidade. De fato. São raras as exceções em que ele abandona o chapéu do tipo Panamá, o terno completo com gravata e o guarda-chuva.

Resumi-lo dessa maneira, porém, é injusto. Queiroz aprofundou-se no ramo imobiliário, antecipou a verticalização das cidades, o sucesso dos condomínios, defendeu o adensamento populacional e a conjunção residência-trabalho sem separar um do outro por quilômetros e quilômetros de distância no que Jaime Lerner definia como “Minha Casa, Meu Fim de Mundo”.

Quando chamado a contribuir para a vida em condomínio, Queiroz afiou sua pena de jornalista e escreveu mais de 400 artigos, publicados em jornais e revistas que tratavam das normas, das regras e dos conflitos e soluções que envolvem a propriedade coletiva de uso privado e comum.

ZELO URBANO

Fez mais: ao criar o grupo Condomínios Garantidos do Brasil (CGB), que tinha como eixo central a solução para a inadimplência através do adiantamento da receita condominial, reuniu também as empresas garantidoras em uma associação, visando o zelo pela cidade. A mesma cidade por onde ele andava desde os 17 anos, quando decidiu escolher Curitiba para completar sua formação profissional que, diga-se, envolveu as faculdades de jornalismo e direito na UFPR, o intercâmbio cultural nos Estados Unidos e até mesmo o aprendizado da música e do acordeão – instrumento de sua preferência. Esse zelo urbano, diga-se, resulta em recuperação do calçamento, despichação – um termo criado pelo próprio Dr. Queiroz – plantio de mudas de flores, revitalização e pintura de prédios públicos, particulares e monumentos, inclusive com a utilização de alpinistas urbanos e limpeza do equipamento urbano, entre outras atribuições. Todo esse trabalho é mantido pela Associação dos Condomínios Garantidos do Brasil (ACGB), entidade sem fins lucrativos que fornece a mão de obra e o material necessário para o zelo urbano.

A filosofia praticada por Queiroz divide-se em duas linhas de pensamento: o estoicismo, próprio do sujeito da pólis (que significa “cidade” em grego), resiliente e adaptado às mudanças e ao progresso das metrópoles. E o aristotelismo, para quem andar, falar, pensar e ensinar está intimamente ligado ao caminhar e observar.

EVENTO

Proposto pelo vereador Osias de Moraes (PRTB), o título de cidadão honorário concedido ao Dr. Luiz Fernando de Queiroz foi aprovado por unanimidade pela Mesa Diretora da Câmara no mês passado. Segundo o cerimonial da casa, a solenidade terá a presença de 150 convidados que ocuparão o plenário e as galerias da Câmara e será seguida por um coquetel oferecido ao homenageado.

 

Clique aqui e conheça a Rede Condomínios Garantidos criada por Luiz Fernando de Queiroz

 

Fonte: Diário Indústria & Comércio

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