Caro leitor, este artigo foi pensado para assegurar três coisas: que o síndico possa se precaver de potenciais acidentes; que nenhum prestador de serviço, condômino ou ainda usuário da piscina coloque sua saúde em risco e, finalmente, para contribuir na saúde financeira do condomínio.
Iniciemos essa leitura fazendo um exercício de memória. Concentre-se e transporte seu pensamento para o local onde os produtos químicos de sua piscina são armazenados. Chegando lá, observe ao redor e reflita sobre a organização, potenciais riscos, se há tubulações de gás, circulação de ar, se a temperatura é agradável, se há prateleiras ou os produtos estão dispostos no chão. Guarde a imagem até o final da leitura.
Antes de dar as contribuições para o melhor armazenamento de seus produtos, é válido ressaltar o conceito de risco químico. Quando dois ou mais produtos químicos são reativos entre si, temos um potencial dano à saúde dos indivíduos. Vejamos na prática:
Ácido hipocloroso + ácido muriático → água + gás cloro
O ácido hipocloroso é o principal sanitizante, produzido pela adição de compostos clorados (cloro estabilizado, hipoclorito de sódio, hipoclorito de cálcio, etc) em água. O ácido muriático (clorídrico) é utilizado com certa frequência para diminuição do pH. Perceba que ao juntar os dois, imediatamente produz-se o gás cloro, altamente tóxico e responsável por boa parte das mortes nos históricos de piscina.
Entendido o que é um risco químico, vejamos algumas dicas de como diminuí-los no que tange ao armazenamento dos produtos químicos:
- Leia os rótulos dos produtos. Sim, isso é imprescindível. Nas embalagens de produtos químicos, há sempre recomendações de uso, advertências e composição. Caso não tenha informações suficientes, pode-se acessar a Fispq (ficha de informações de segurança de produto químico) do produto, encontrada facilmente (ou pelo menos, deveria ser) no site do fabricante;
- Procure um local limpo, seco, ventilado e fresco, diferente da casa de máquinas, que costuma ser fechada, quente e úmida;
- Não tire os produtos da embalagem original;
- Evite colocar os produtos no chão, onde podem ter contato com a umidade;
- Não guarde produtos líquidos acima dos sólidos ou granulados;
- Não deve haver nenhuma forma potencial de chamas próxima aos produtos (cigarros, isqueiros ou fósforos e equipamentos elétricos);
- Evite reutilizar as embalagens. Faça um triplo enxágue, e um furo no fundo para que ninguém reutilize, e destine conforme as recomendações dos órgãos governamentais da sua região. Boa parte deles são recicláveis;
- Mantenha o acesso ao armazenam de produtos químicos controlado, sobretudo para crianças e animais;
- Tenha sempre os equipamentos de proteção individual (luva, máscara, avental, óculos) disponíveis para possíveis manipulações de produtos;
- Não empilhe recipientes, mas se for necessário e estável, tenha certeza que são iguais. Jamais armazene, por exemplo, um balde de hipoclorito de cálcio em cima de um balde contendo dicloro (cloro estabilizado);
- Compre o essencial para o mês. Não faça um estoque muito grande. Afinal, estoque parado é dinheiro perdido, que poderia ser utilizado ou investido em outras melhorias. Além disso, quanto mais produtos químicos, maiores são os riscos de um acidente;
- Fique atento às validades dos produtos e descarte os vencidos adequadamente;
- Sempre que trocar de marca ou produto converse com o químico responsável pela sua piscina. Muitas vezes o nome comercial esconde uma incompatibilidade química que pode custar caro.
Agora, voltemos à imagem memorizada anteriormente. Há muito o que melhorar no ambiente de armazenamento de produtos para piscina do seu condomínio? Que bom que agora você tem o conhecimento do que fazer, então, mãos à obra!
Escrito por:
Fernanda C. Brietzig – Engenheira química. Mestre em ciência e engenharia de materiais. Técnica em materiais. Atuou em laboratórios de análises químicas, em engenharia e desenvolvimento de produtos. Lecionou para o ensino médio e cursos de engenharia.
É sócia proprietária da Quântica Engenharia, onde trabalha com assessoria e responsabilidade técnica, com ênfase em águas de piscina e estações de tratamento.
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