Os condomínios estão em constante evolução, com transformações ocorrendo num ritmo cada vez mais acelerado: portarias remotas, assembleias virtuais, gestão profissionalizada, muita automação e serviços de conveniência.

Apesar dos prédios se tornarem cada vez mais eficientes, a cultura da conveniência, aquela tendência de encontrar atalhos pessoais em vez de seguir o que foi acordado coletivamente, segue viva. E ela se manifesta nos pequenos gestos: estacionar “só um pouquinho” fora da vaga ou usá-la como depósito, jogar bituca de cigarro pela janela, deixar o lixo fora do lugar ou “esquecer” de limpar a caca do cachorro (ah, ninguém viu mesmo).

São atitudes que, isoladamente, podem parecer inofensivas. Mas, quando viram rotina, comprometem o equilíbrio do convívio e alimentam conflitos desnecessários. O que era para ser exceção vira regra, e as normas criadas para proteger a coletividade passam a ser vistas como meras sugestões.

Além de gerar desgaste entre vizinhos, esse tipo de comportamento também pesa no bolso de todos. Um descarte irregular pode entupir tubulações e exigir manutenções caras; o uso indevido de áreas comuns pode acelerar desgastes e demandar reformas frequentes; e o descumprimento de regras exige mais tempo e recursos da gestão, que acaba tendo que investir em câmeras extras, vistorias, advertências e até assessorias jurídicas. No final, o famoso “jeitinho” custa e impacta na taxa condominial.

O mais curioso é que, no fim das contas, todos saem perdendo. A desorganização gera desgaste entre vizinhos, aumenta a sobrecarga dos síndicos e enfraquece o senso de pertencimento ao espaço comum. Investir em tecnologia é essencial, mas não substitui o básico: respeito mútuo, ética e responsabilidade.

Evoluir como sociedade exige mais do que modernizar estruturas. É preciso revisar hábitos, abandonar velhos vícios e entender que viver em coletividade é, acima de tudo, um exercício diário de empatia.

Nesse cenário, todos nós temos um papel fundamental. Seja nas decisões do dia a dia, nas relações com os vizinhos ou no exercício de funções dentro do condomínio, nossas atitudes influenciam diretamente a qualidade da vida em comunidade. Agir com consciência e respeito ao coletivo é um exercício constante que exige escuta, empatia e compromisso.

Afinal, um condomínio vai muito além de estruturas físicas. Ele é uma comunidade feita de pessoas. E é pela escolha de cada um de nós que se constrói, aos poucos, um ambiente mais íntegro, colaborativo e digno de confiança. Combater o jeitinho é, acima de tudo, escolher um caminho mais ético não por obrigação, mas por convicção de que o bem comum também é nosso.

Escrito por:

Karla Pluchiennik - Administradora pós-graduada em Direito Empresarial e Influência Digital, coach e practitioner em PNL, empresária e consultora de produtividade. Instagram: @karlapluch

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