Saber se comunicar e escrever bem é essencial para todos, especialmente para síndicos e administradores de condomínios. Pensando nisso, a coluna ”Não tropece na língua”, da Professora Maria Tereza Q. Piacentini, passa a fazer parte do nosso site. Todo mês uma nova publicação sobre a língua portuguesa.

Confira:

1 – AVANÇA, BRASIL — VOCATIVO + TELE

É assim, com a vírgula – Avança, Brasil –, que o governo federal deveria ter escrito e divulgado o seu Plano Plurianual de Investimentos. Normalmente ele não recebe nome nenhum – a preocupação maior são os números. Mas já que os técnicos lhe arranjaram um título (”Avança Brasil”), deveriam ter seguido a norma culta da língua, que exige a colocação da vírgula para separar o vocativo.

Vocativo é o termo que serve para chamar alguém. Pode ser um nome de pessoa, de país, de cidade, um apelido, um adjetivo carinhoso, um termo chulo, uma xingação. Basta ser um chamamento para ser um vocativo em termos gramaticais. E é evidente que no título acima ”Brasil” funciona como um chamamento, uma convocação. É o mesmo caso de:

Você viu o doutor, José?

Vou lhes contar um outro caso, pessoal.

Ouça, meu amigo.

Agora, ao encontrar essas mesmas frases sem a vírgula você as leria de modo completamente diferente, pois elas passariam a ter significado diverso. Confira:

Você viu o doutor José?

Vou lhes contar um outro caso pessoal.

Ouça meu amigo.

Mesmo quando não existe o perigo da ambiguidade ou do sentido obscuro, a vírgula é obrigatória:

Mercedes, podes me trazer um café?

Vejam que a situação mudou, meus caros.

Ó céus, o que foi que eu fiz?

Olha lá, seu tolo, o que você está dizendo!

Oi, Alex.

Acorda, Brasil, está na hora da escola.

Observe que:

1) o vocativo é separado por uma ou duas vírgulas, dependendo da sua posição na frase;

2) a partícula ”ó” poucas vezes acompanha o vocativo, embora seja sempre admissível à sua frente; ela serve para identificar o vocativo em caso de dúvida: Avança, (ó) Brasil; (ó) Mercedes, vem cá.

 

TELE

Alguns estabelecimentos comerciais já estão seguindo a regra oficial no tocante ao prefixo tele, qual seja: unir sem hífen os dois elementos da composição, com uma exceção: diante da letra E usa-se o hífen. Exemplos: televendas, teleteatro, telemaníaco, teleguiado, telecurso, teleconferência, telepizza, telemarketing, teleaviso, tele-estreia, tele-equipamento, tele-entrega, tele-educação. Nos dois últimos casos, há variantes: telentrega e teleducação.

No caso de composição com palavras que iniciem com S ou R, deve-se dobrar essas letras para que se preserve a pronúncia: telessala, telessupervisão, telessistema, telessegurança; telerreunião, telerrecepção, telerrobô, telerradiodifusão.   

Este conteúdo está disponível no Livro: Não tropece na língua – lições e curiosidades do português brasileiro  

 

Sobre o autor                            

Não tropece na língua - lições e curiosidades do português brasileiro

Maria Tereza de Queiroz Piacentini

Catarinense, é licenciada em Letras (Português e Inglês), com Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.

Atualmente ministra cursos de português, revisa livros – incluindo revisão técnica de traduções do inglês e francês – e, como diretora do Instituto Euclides da Cunha, sediado em Curitiba/PR, é responsável pela consultoria de português e pelos textos do portal www.linguabrasil.com.br .

 

 

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