Publicado em 19 de fevereiro de 2019
Trincas em prédios podem esconder sérios problemas Mais do que deixar um aspecto desagradável nas paredes, as trincas podem se tornar um problema e podem afetar a segurança da casa ou apartamento.
Mais do que deixar um aspecto desagradável nas paredes, as trincas podem se tornar um problema e podem afetar a segurança da casa ou apartamento.
Trincas incomodam por prejudicar a estética da construção, mas podem esconder problema mais sério. Em alguns casos, chegam a comprometer toda a estrutura de uma edificação.
Mais do que deixar um aspecto desagradável nas paredes, as trincas podem se tornar uma baita dor de cabeça. Essas rupturas, que aparecem em construções antigas e novas, pode afetar a segurança dos itens que compõem a estrutura da casa ou do apartamento. Mas o que fazer para não passar por tamanho transtorno? Primeiramente, é preciso entender do que se trata o problema.
A arquiteta Sandra Diniz conta que as trincas são aberturas na superfície de um material. “No caso de parede, elas a separam em duas partes. Já as fissuras são aberturas mais finas e alongadas numa superfície. A gravidade das fissuras é menor do que a das trincas”, explica. A arquiteta Maristela Broilo, da loja especializada em acabamentos Bel Lar, diz que as trincas são fissuras e rachaduras que ocorrem com frequência nas edificações. “Elas são como juntas de dilatação que aparecem forçadamente por algum problema na construção ou no entorno.”
Um tipo de problema comum nas edificações, as trincas podem interferir na estética, na durabilidade e nas características estruturais da obra, como alerta a arquiteta da Casa Cor Minas Fernanda Sperb. “Elas surgem tanto na alvenaria quanto nas estruturas, devido a tensões nos materiais”, comenta.
O engenheiro civil e coordenador do curso de especialização em construção civil da Escola de Engenharia da UFMG, Dalmo Lúcio Mendes Figueiredo, diz que as trincas e fissuras podem ser de diversas origens. “Uma delas é a deformação excessiva das lajes e vigas devido a sobrecarga. O excesso de peso sobre uma laje ocasiona deformações (barrigas) que criam tensões anormais em pontos da estrutura, gerando as trincas”, cita.
Lajes e vigas deformadas excessivamente por causa da baixa resistência dos materiais utilizados e devido à movimentação deles, causados por variações de temperatura ou excesso de umidade, também podem acarretar o problema, conforme o engenheiro. “Há, ainda, materiais assentados justapostos e que deformam diferentemente com a mesma variação de temperatura. Por isso, as suas propriedades devem ser conhecidas para evitar o uso incorreto. O emprego de argamassa muito rígida em área externa ocasionará o surgimento de trincas e desplacamentos, por exemplo”, explica Dalmo.
Em edificações novas, o problema surge em razão da própria pavimentação da estrutura, como aponta o engenheiro da Construtora Carrara, Rodrigo Castro. “Essa ruptura se apresenta por causa do encontro de materiais com diferentes coeficientes de dilatação, como encontro de alvenaria de tijolo cerâmico com estrutura de concreto”, conta. Ele lembra ainda que o excesso de sol, chuva e tráfego intenso de veículos pesados na rua também podem, com o tempo, ocasionar esse problema.
VISTORIA
Dalmo Figueiredo alerta que as trincas e fissuras são um aviso que está ocorrendo um problema na edificação. “A correta identificação da causa propicia uma recuperação adequada, evitando comprometimentos futuros na construção. As trincas que se desenvolvem em peças estruturais, caso não sejam avaliadas e tratadas corretamente, podem levar a estrutura ao colapso”, adverte.
Além desses efeitos, o engenheiro cita os prejuízos para os moradores que convivem com esse tipo de problema em uma construção. “As trincas, quando externas à edificação, propiciam a absorção de umidade, produzindo problemas nos revestimentos e gerando o mofo, que é prejudicial à saúde”, diz Dalmo.
De acordo com Fernanda Sperb, há vários tipos de fissuras e cada uma representa um tipo de problema. “Mas, dependendo do local onde ela está inserida, pode ou não ocorrer risco algum. Fissuras na alvenaria representam menos risco do que em vigas e pilares. É preciso ter cuidado, pois um problema na alvenaria pode ser consequência de um problema estrutural mais sério.”
Prevenir é melhor que remendar
Construção adequada demanda conhecimento específico para evitar problema no futuro. Especialistas recomendam acompanhamento de qualquer alteração na estrutura
Como prevenir é sempre melhor do que remediar, o ideal é que, no momento da construção, tudo seja pensado para evitar problemas. Para quem não é do ramo, tal medida possibilita que não apareçam situações que desgastem a estrutura e a paciência dos moradores da edificação. “Dessa forma, obtemos maior eficiência do revestimento da fachada do prédio, a fim de evitar o aparecimento dessas aberturas profundas e o descolamento do revestimento externo”, explica o engenheiro Rodrigo Castro, da Construtora Carrara.
Para impedir que as trincas surjam, ele recomenda a criação de juntas de dilatação previamente, desde o projeto, e com métodos construtivos eficientes. “No processo de construção, os cuidados que devem ser tomados preventivamente são a utilização de materiais para tratamento de juntas de dilatação e a colocação de ferro cabelo na estrutura de concreto para melhor aderência a alvenaria”, diz.
No processo de construção, para a prevenção de fissuras é preciso usar aditivos plastificantes. “Também é necessário molhar as fôrmas e superfícies de concretagem, planejar o lançamento e execução de juntas na peça a concretar, não adicionar água para acabamento superficial, iniciar a cura o mais rápido possível e mantê-la no mínimo até sete dias e proteger a peça recém-concretada de sol, vento, vibrações, entre outros”, explica a arquiteta da Casa Cor Minas Fernanda Sperb.
Procure ajuda profissional
Independentemente do sistema usado, a arquiteta Fernanda Sperb diz que a solução tem de ser compatível com a construção, para alterar o mínimo possível as suas características. “Deve ter durabilidade e ser passível de remoção para que não danifique os materiais originais da construção. Na elaboração de um projeto como esse conta muito a experiência do profissional contratado”, acrescenta.
Procurar contratar um engenheiro civil calculista, especialista no assunto, que tenha experiência para com inspeção visual é muito importante para chegar à causa correta do problema. “Deve-se verificar se o conserto não vai piorar o que já está ruim. Por isso, deve ser um profissional experiente”, justifica Rodrigo de Castro.
O que dá certo na elaboração de um trabalho como esse, no caso de fachadas, é fazer projetos de juntas de dilatação a fim de evitar problemas com descolamentos de revestimentos, reitera Rodrigo. Em relação ao custo para solucionar o problema, o engenheiro diz que é de aproximadamente R$ 7 mil. “Vai variar em função do tipo e tamanho da fachada”, completa.
O diagnóstico correto do problema e sua abrangência é que vai permitir sua correção. Por isso, não é possível precisar valores. “Para a elaboração de um diagnóstico e projeto, pode-se contratar o profissional por horas trabalhadas, usualmente R$ 200 a hora para um bom especialista”, informa Dalmo Figueiredo.
Como as fissuras e trincas podem ser de origens diversas, o engenheiro civil Dalmo Lúcio Mendes Figueiredo, coordenador do curso de especialização em construção civil da Escola de Engenharia da UFMG, diz que é importante que seja feito um diagnóstico correto por meio de um técnico com formação em engenharia civil e especialista na área. “O primeiro passo é identificar a sua origem e se ainda está ativa (em crescimento)”, aponta.
Segundo o engenheiro, há processos que avaliam facilmente a atividade e evolução de uma trinca. “Consistem em aplicar um selo sobre ela e observar durante um período se ocorreu o rompimento do selo. Ele pode ser um esparadrapo ou uma bola de gesso. Caso seja constatado que a trinca ainda está ativa, providências imediatas devem ser tomadas para sanar o problema que a originou. Dependendo da causa, poderá ser o início de um processo de degradação da edificação”, alerta Dalmo.
Rupturas mais profundas demandam atenção imediata dos donos do imóvel. Em alguns casos, a Defesa Civil deve ser comunicada.
A arquiteta Maristela Broilo, da loja especializada em acabamentos Bel Lar, diz que um bom projeto estrutural e um bom profissional para fazer acompanhamento da construção evitam as trincas das situações que envolvem o processo de construção. Em alguns casos, dependendo da gravidade, até mesmo a Defesa Civil deve ser acionada. “Afinal, elas podem ser indício de que a construção está instável, podendo até ruir. E, tirando as causas naturais e de erro em construções vizinhas, podemos evitar a maioria dos casos.”
Para resolver o problema, Fernanda Sperb aponta que, em geral, são empregados produtos flexíveis, como selantes elásticos. “O fundo preparador de paredes, o selante acrílico, o impermeabilizante de lajes e paredes e a tela de poliéster são as soluções mais conhecidas para restauração de fissuras. Mas é necessário que sejam executados de forma correta”, adverte Fernanda.
NA FONTE
Se, por meio de um diagnóstico elaborado por profissional especializado, verificar-se que a trinca ainda continua ativa, é necessário tratar a origem do problema. “Pode ser fundação deficiente, sobrecarga na estrutura, deformação diferencial de materiais, entre outros. Em alguns casos, desde que seja constatado que a origem não é estrutural, pode-se criar juntas de dilatação para absorver as deformações”, informa Dalmo Figueiredo.
Caso chegue-se à conclusão de que a trinca não evoluiu mais ou apresentou uma pequena movimentação, deve-se tratar diretamente o local. “Existem alguns processos que podem variar de acordo com cada caso. Um deles consiste em retirar o revestimento no entorno da trinca (10cm a 15cm), aplicar uma bandagem ao longo da trinca (mais ou menos 5cm), aplicar chapisco e revestir com uma argamassa mais plástica”, ensina o engenheiro.
Dalmo explica que essa bandagem pode ser constituída de uma tela finíssima de náilon ou polipropileno (encontrado no mercado). “Ela tem a finalidade de dessolidarizar a trinca do revestimento. As trincas podem também ser preenchidas com um selante flexível, tipo silicone”, diz.
Fonte: estadodeminas.lugarcerto.com.br
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