Começo esta matéria lançando a pergunta trivial: “Quem já não foi criança?”. Alguns de nós, no passado, tínhamos uma liberdade de circulação fora de casa, brincadeiras simples que nos mantinham o dia todo ativos. Já nos dias atuais, as gerações Y e Z, não têm muita paciência e não se satisfazem com pouco, além do grande problema hoje: a segurança pessoal. Não se pode transitar com tranquilidade como antigamente.

Com todo esse cenário, a melhor alternativa é estar solto dentro do condomínio. Porém, existem regras a serem obedecidas, pois as crianças gostam de extravasar, de se sentir livres, de expressar a sua opinião de forma descomedida. Tudo isso não seria obstáculo se não houvesse incômodo aos demais vizinhos. Morar em condomínio exige o bom senso e o respeito do menor ao maior de idade, e nesse ponto começam as dores de cabeça do síndico quando chegam as férias escolares.

A responsabilidade do síndico

Como síndico profissional, sofremos muito a cobrança de dois lados: dos condôminos incomodados com os barulhos e os danos ao patrimônio; e dos pais protetores com a visão distorcida sobre os direitos individuais dentro dos condomínios.  Após se desgastar com advertências, aplicações de multas, volatilidade no índice de aprovação da gestão, certo dia observando uma criança subindo num pergolado, em uma área de leitura, logo pensei: “Será melhor eu tentar minimizar com alternativas, do que ser responsabilizado por falta de humanização.” Foi assim que estruturei um projeto ali mesmo.

Projeto para o condomínio

Chamei os pais para uma “audiência com o síndico” e apresentei meu projeto simples e direto: COLÔNIA DE FÉRIAS ESCOLARES DO CONDOMÍNIO COM A PARTICIPAÇÃO DE TODOS. O condomínio trouxe os brinquedos e atrações para as áreas de lazer, liberou locais como salão de festas e chamou fornecedores para doações. Em contrapartida, houve a organização de uma comissão de pais para cuidar do monitoramento e da alimentação das crianças dentro de um período e cronograma de atividades estabelecidas. Apenas fiz uma exigência: como o período de férias compreende de dez a quinze dias, o síndico teria oito horas alternadas para falar com as crianças e maioria possível de pais presentes, com objetivo de explanar o regimento interno, cuidados com patrimônio, circulação de animais, lixos e convivência com seu vizinho.

Com essas ações, estamos atingindo um excelente índice de aprovação nos condomínios, inclusive condôminos que não têm filhos decidiram participar e ajudar com objetivo de criar um ambiente saudável de convivência social, e um feedback muito interessante dos pais, que externaram uma frase que ouvi repetidas vezes: “Nunca tive tempo de conversar com meus vizinhos de porta, devido à correria do trabalho, compromissos da vida cotidiana etc., e esta ocasião proporcionou conhecer e conversar com meus vizinhos. Parabéns à gestão!”

 

Paulo Rosa, síndico profissional há mais de 13 anos, especialista em gestão de condomínios, graduado em administração de empresas, direito civil e MBA controller, proprietário da empresa NEO Síndicos Profissionais & Associados. 

paulo@neosindicos.com.br
Facebook: Neo Síndicos

 

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